Caros amigos,
Segue o conjunto de links do que consegui gravar do XVII ENG.
O primeiro reproduz os debates que fizemos em torno do livro A Reinvenção do Espaço
http://www.mediafire.com/download.php?bbn9g9606qsh8s1
Os três seguintes se referem à mesa de encerramento do Encontro:
A fala do
Paulo Cabral
http://www.mediafire.com/download.php?8gsd71k2p12qh2e
Alexandrina
http://www.mediafire.com/download.php?fd0xt091o81pvzb
Douglas
http://www.mediafire.com/download.php?7kue3qeyi2yz0yp
Espero que possam baixar em seus computadores e ouvir com alguma clareza.
segunda-feira, 30 de julho de 2012
terça-feira, 17 de julho de 2012
Uma Esquerda de Funcionários: explicações preliminares (2a. parte)
Nesse final de semana recebi duas
observações sobre os textos que tenho publicado neste blog e que me chamaram a
atenção: elas me informaram que os textos são demasiadamente complexos e, até
mesmo, incompreensíveis.
Fiquei tentando imaginar que razões levariam
meus amigos a terem tanta dificuldade em compreender coisas que para mim são
tão claras e, considerando as diferentes variáveis colocadas “sobre a mesa”,
conclui que o problema está (ou os problemas estão) associado(s) ao fato dos
artigos pressuporem nos leitores alguns conhecimentos prévios que, de fato,
poucos possuem. São poucos porque a maior parte não pertence à minha geração,
ou porque não se dedicaram a refletir junto à tradição marxista o significado
do sindicalismo ou, ainda, porque não se dedicaram a desvendar o significado de
Brasil... e, a cada instante, novas e mais amplas determinações vão me passando
a limpo.
Não há o que lamentar. Trata-se de simples
constatações. Há poucos dias, num programa da TV Cultura, tive o prazer de
rever Francisco de Oliveira, uma de minhas fontes inesgotáveis de reflexão
sobre o Brasil. Fiquei surpreso quando um dos jornalistas pediu-lhe que identificasse
as razões para que, na fase atual de nossas reflexões acadêmicas, o Brasil tenha
deixado de ser um tema. Fiquei surpreso porque, afinal, a ausência está se
tornando tão importante que está se tornando presença. É preciso recolocar o
Brasil na pauta (e a constatação de que ele está fora da pauta é um dos
movimentos necessários para que se constate que ele já está na pauta – eis
minha singela homenagem ao texto “Presença e Ausência de Henry Lefebvre). De
qualquer maneira, as novas gerações estão distantes desse debate e as
dificuldades na leitura desses textos bem podem ser localizadas (para além das
dificuldades daquele que escreve) nessa carência generalizada.
Volta à memoria, ainda, as falas de Ruy
Moreira no Encontro da AGB em Porto Alegre, onde ele lamentava que em um
encontro de Geógrafos Brasileiros, em pleno ano de eleições presidenciais, o
Brasil não era tema explícito na programação.
Agora, quase dois anos depois, durante o
seminário em que tive o prazer de participar – ocorrido há poucos meses na
PUC-SP, com a centralidade temática nos trabalhos de Ruy Moreira – chegamos a
nos questionar se, de fato, o Brasil existe. A pergunta, aparentemente ingênua,
carrega consigo algumas outras de profundidade abissal, e a primeira delas
deverá buscar respostas nas relações entre a existência do Estado Nacional
chamado Brasil e a possível existência de uma formação econômica e social
identificada, de forma igualmente genérica, chamada de povo brasileiro.
Bem... deixemos tudo isso para textos que
ainda deverão ser escritos. Aqui e agora, constatar a carência já nos basta,
mesmo que tenha ficado para trás a resposta dada por Chico de Oliveira, pois,
no final das contas, é a pergunta do jornalista que nos interessou aqui.
Estávamos nos referindo, e aqui
continuaremos, aos motivos e consequência da transformação de parte
considerável da militância da esquerda brasileira em funcionários de confiança
na “máquina de Estado”.
Para que possamos compreender a importância
do fato temos de retomar algumas leituras do significado de “esquerda” no
transcorrer dos anos 60 e 70 no Brasil. Em outras palavras: quem éramos nós nos
tempos da ditadura militar?
Trata-se, como sempre acontece nesses
casos, de uma só pergunta com infinitas possibilidades de respostas. A
expressão “esquerda” é, como todas as expressões importantes, demasiadamente
polissêmica. Para evitar respostas demasiadamente simples como “esquerda é o
conjunto de indivíduos que possuem ideias menos à direita que aquelas que
hegemonizam o governo militar” e, por isso mesmo, deixaríamos de olhar para nós
mesmos e nos colocaríamos para ser identificados pelos nossos inimigos (pode
parecer estranho, mas naquela época tínhamos inimigos), vou delimitar nossa
construção conceitual a alguns pontos básicos onde, creio, caberá parcelas
significativas da igrejas – em movimento decrescente; parcela menos
significativa do movimento sindical – em movimento crescente; e os diferentes
grupamentos – clandestinos ou não – que militavam pela derrubada da ditadura,
tendo como referência perspectivas de caráter marxista (latu-sensu) ou
anarquista ou, ainda, no campo da social democracia e da chamada teologia da
libertação.
O que, no meu entender, une a todos esses
grupos no campo da esquerda, não é o fato de serem pessoas desgostosas com o
governo militar, mas, muito mais que isso, por se tratar de pessoas que, de uma
maneira ou de outra, militavam pela derrubada daquela ditadura e o faziam a
partir de ações dirigidas a organizar a sociedade civil – em grupos de
diferentes tamanhos, perspectivas, práticas políticas – criando outros
mecanismos e perspectivas de poder político, centrados no esvaziamento da
legitimidade social daquele governo.
Trata-se, portanto, de pessoas filiadas a
diferentes ideologias que, de armas na mão ou legitimados pela condição de
serem sacerdotes ou, simplesmente, porque se reconheciam como lideranças
políticas em bairros, paróquias, fábricas, plantações, grupos artísticos e,
nessa condição, dedicavam-se a minar a capacidade política da chamada
“direita”.
Nós, a esquerda, roubávamos bancos,
treinávamos para a guerrilha, dirigíamos cultos, distribuíamos hóstias, compúnhamos e tocávamos músicas, pintávamos
quadros, elaborávamos, dirigíamos e apresentávamos peças teatrais. Mais que
isso, nos reuníamos nos bairros, nas favelas, nos guetos de toda ordem, além de
cochicharmos nos banheiros das fábricas e das escolas ou nas filas dos
relógios-ponto, enquanto outros de nós, com cara de estudantes, fazíamos
discursos inflamados nas salas de aula denunciando as mazelas dos vestibulares,
das misérias urbanas e agrárias ou dos vínculos indecifráveis de alguns
professores com a polícia política.
Vale realçar que parte de todos nós
estávamos organizados em coletivos clandestinos que definiam os parâmetros e as
ações políticas que seriam desenvolvidas, enquanto outros, desconhecendo ou
rejeitando tais práticas, não se furtavam em se articular socialmente um busca
da construção de um outro Brasil, sem esquecer daqueles que viam nas suas
ordens religiosas a maneira pela qual tornariam suas ideias as ideias de um
coletivo.
Expressões como Trotskismo, Leninismo,
Maoísmo, Teologia da Libertação, Revolução Cubana e tantas outras, se tornaram
referência para aqueles que lutavam, uns com os outros, uns contra os outros,
todos para hegemonizarem o processo de derrubada da ditadura. As fissuras entre
os grupos existiram de fato, mas o certo é que foi essa a esquerda que
conseguiu organizar os sindicatos, o movimento estudantil, a construção de
novos partidos e tantas outras ações que, somadas ao esgotamento do projeto
econômico dos militares e seus intelectuais, derrubaram e deram por encerrada a
fase militarizada da violência política interna.
Muitos foram torturados, presos e/ou
exilados, mas muitos outros não o foram, e o mais importante é que, de uma
maneira ou de outra, a existência dessa esquerda definiu os passos que
constituiriam o Brasil que hoje conhecemos.
Mas, o que será que isso significa? O que é
o Brasil que hoje conhecemos?
Se não nos esquecermos que a “esquerda”
como identidade genérica, é composta de diferentes leituras de mundo e que é dessa
diversidade de posições que se constroem diferentes perspectivas, práticas
políticas, ordenações éticas e morais e assim por diante, o fim da ditadura
permitiu a todas essas leituras que amadurecessem publicamente suas posições.
Alguns grupos simplesmente desapareceram (como, no caso, a organização em que
militei), outros se consolidaram como partidos políticos, os movimentos
pentecostais esvaziaram a esquerda religiosa e, rapidamente, dois fenômenos se
agrupam numa única construção: o primeiro pode ser identificado pelo movimento
que levou os militantes que se encontram espalhados pelos bairros, pelas paróquias,
pelas reuniões de entidades estudantis ou sindicais a serem convocados a
participar dos governos de esquerda e a tornarem suas perspectivas em
proposições oficiais. Na rabeira desse processo, o sindicalismo se torna, não
só juridicamente, mas igualmente como prática política, uma grande estrutura
burocrática também associada aos mecanismos de financiamento e direcionamento
de Estado.
Num primeiro momento, poder-se-ia imaginar
que tudo ocorreu, num único momento, com todos os grupos e pessoas que cabem
nesse conceito de esquerda que está aqui sendo utilizado. Seria um engano grave
imaginar tal situação. Homens como Fernando Henrique Cardoso vão orquestrar
esse movimento de cooptação associando-se àqueles que, de uma maneira ou de
outra, consideravam ser uma esquerda legítima, e o mesmo se dará a seguir com
os novos prefeitos, governadores e presidentes cujas bases políticas estão
associadas diretamente aos seus históricos nessa mesma esquerda.
Cada uma dessas figura assumiu o poder
apoiado por diferentes grupamentos esquerda e tem nesses grupos suas bases de
apoio mais imediatas. Para pequenas prefeituras, pequenos grupos mais ou menos
coesos, para grandes máquinas administrativas, amplas alianças onde, como
diriam alguns guerreiros no século XIX – os inimigos de meus inimigos, são meus
amigos e, portanto, nada mais simples que visitar amigavelmente a casa de
Maluf, aperta-lhe as mãos e afirmar que tudo isso é feito por uma boa causa:
colocar no poder da metrópole paulistana outra esquerda que não aquela que atende pelo nome de PSDB.
Nossos funcionários são melhores
funcionários que os funcionários dos outros. Essa é uma premissa que, aqui
verdadeira, ali falsa, vai retirando do debate o que ele deveria ter de mais
fundamental: o fato de que todos os projetos, de todas as esquerdas, não conseguiram
ir muito mais além que ampliar a eficácia do modo de vida contra o qual todas
nasceram, cresceram e, finalmente, se subordinaram.
Melancólico? Ainda não... só o segundo
passo da discussão.
sexta-feira, 6 de julho de 2012
Uma esquerda de funcionários - explicações preliminares (parte 1)
É importante colocar em evidência esse processo de
transformação da militância de esquerda em funcionários de Estado. Trata-se, de
fato, de algo muito mais complexo que as que geraram o Estado Keynesiano, a
Social Democracia ou as proposições genéricas de socialismo tornaram comuns no
pós guerras do século passado. Trata-se de um fenômeno antevisto pelas facções
de direita da Igreja Católica na Polônia do “Solidariedade” com o único e
radical defeito de, naquela época, a necessidade de se fazer apologia à ruptura
do pacto com o modelo soviético, exacerbar justamente os grupos de extrema
direita.
De qualquer maneira vale realçar que, numa mesma
década (esta que estamos vivendo), o continente americano colocou em posição de
destaque aqueles que representavam os demônios do imaginário de suas elites: um
militante sindical de esquerda no Brasil, um ex guerrilheiro no Uruguai, uma
mulher no Chile, outra no Brasil e outra na Argentina (único país que já havia
experimentado tal processo político), um índio na Bolívia, um negro nos EUA...,
além de ter visto o declínio físico de Fidel sem que conseguisse retomar Cuba e
de viver o cotidiano venezuelano como um ritual de exorcismo que se repete ad nauseam.
Quando pensamos exclusivamente no Brasil – que é o
que, de fato, nos interessa – alguns comentários preliminares se fazem
necessários e buscarão esclarecer certos posicionamentos expressos no texto em
que procurei discutir a relação entre Lula e Maluf.
Um rápido olhar para a História brasileira e veremos
que a relação entre o Estado e os nossos intelectuais carrega séculos de
ambiguidade, onde exclusão e tentativas individuais de cooptação criam uma
associação quase automática entre intelectuais e marginalidade. Claro, isso não
foi o destino de todos (me vem à memoria, nesse momento, a figura de Rui
Barbosa e as maneiras pelas quais conviveu com o poder de Estado), mas os
intelectuais do império e da república que se associaram diretamente ao poder
de Estado foram poucos e, no geral, não se projetaram nem se legitimaram
socialmente.
Quando, de memoria, tento fazer uma lista dos
principais intelectuais brasileiros do século XX figuras como Sérgio Buarque de
Holanda, Caio Prado Jr., Celso Furtado, Paulo Freire, Milton Santos, Florestan
Fernandes, Monteiro Lobato, Oduvaldo Vianna Filho, Chico Buarque de Holanda,
Vinícius de Morais... e a memória transita entre a semana de 22 e os vários
projetos de universidade que se foram construindo naquele século, além da
criação e do desenvolvimento da teledramaturgia, da chamada música popular
brasileira, das pesquisas em física teórica, na arquitetura e, mesmo, na
Geografia.. e tantos outros caminhos mais ou menos sinuosos, o que fica de
certo é o profundo estranhamento da maioria deles com as máquinas de Estado,
principalmente quando nossos governantes se aproximaram e se assumiram no
interior dos diferentes formatos de fascismo que aqui e ali marcaram fortemente
o período.
O que não é difícil é identificarmos que o Brasil é,
para a maioria deles o tema preferido. Mais de 8 milhões de quilômetros
quadrados, num exemplo paradigmático do significado de “unidade do diverso”, marcados
pela fragmentação interna ditada por pequenos grupos de oligarcas (muitos dos
quais se aproximam da máquina de Estado pela via da Guarda Nacional e,
literalmente, com o transcorrer do século criam uma unidade de extrema direita
a partir da associação do sistema banqueiro com o Estado e a gestão de ambos
pelos próprios oligarcas) e pelas tentativas de construção de algum tipo
nacional de resistência (onde Canudos, Ligas Camponesas, Coluna Prestes, MST,
Igrejas, organizações e partidos de esquerda são somente alguns dos exemplos)
não poderiam ser mais que um tema de extremo interesse para todos eles.
A importância dos intelectuais foi percebida – a
genialidade política desse homem é incontestável – por Getúlio Vargas. Cria uma
máquina de Estado associada a um país que ainda não existia. Dois de seus
principais pilares estão no Ministério do Trabalho – com o objetivo de
ministeriar a minoria dos trabalhadores – e o Ministério da Educação – que
ministeriaria a minoria da população em idade escolar. Ambos se voltaram ao
controle das relações capital-trabalho típicas das ordenações urbanas, num país
que possuia mais de 75% de seus habitantes associados à vida no campo e aos
hábitos da ruralidade que, naquela época, ainda mal saía das relações
escravistas.
Lembremos, rapidamente, que é dessa época a criação do
IBGE e, portanto, a institucionalização da construção discursiva sobre o
significado de Brasil.
Getúlio, no entanto, teve de enfrentar o integralismo,
a Coluna Prestes, parte considerável da imprensa carioca e, ao mesmo tempo, viu
florescer em seu projeto um movimento migratório que redefiniu os significados
de cidade e campo como configuração territorial do país e, concomitantemente, o
campo vai se tornando o arquétipo da injustiça social, da seca, das variantes
do cangaço, dos desmandos do coronelato e do lugar perdido do migrante que, em
voz alta, faz apologia ao luar do sertão, mas se garante como trabalhador urbano
na construção civil e, a seguir, nos desdobramentos acelerados da expansão do
parque fabril.
Creio que podemos, assim, eleger Brasilia como o primeiro e efetivo movimento de cooptação da esquerda brasileira no comando de um projeto de Estado. Niemayer, já reconhecido como um grande arquiteto, trazia de negativo em seu currículo certas relações com o Partido Comunista, o isso não foi suficiente para impedí-lo de tornar-se o mais recente criador de uma cidade inteira que tem por objetivo ser, ao mesmo tempo, o monumento e o espaço funcional do Estado. Mais que uma escultura, mais que instalações, forma e objetivo se fundem enquanto cotidianeidade.
Vista de cima se percebe seu formato de avião, valendo
realçar que o palácio presidencial no lugar da cabine do piloto nos faz pensar
que o monumento tem o requinte de fazer apologia ao presidencialismo como forma
de governo, garantir o corpo do avião como o lugar da tripulação e,
estranhamente, coloca os passageiros no interior de suas asas.
Veio mais uma ditadura – agora chamada de “a ditadura
militar” – e a esquerda foi, novamente, colocada no ostracismo. Junto com parte
considerável do mundo, o Brasil vai viver, ao seu jeito, a superação dos
valores sociais do ruralismo em nome da consolidação das relações tipicamente
urbanas. Assim vivemos as nossas pílulas, as nossas mini-saias, os nossos
rock-and-roll, o nosso maio de 68. Os nossos hippies são mais nossos e têm o
sabor da tropicália.
E, para não me alongar mais, vieram os Fernandos (o
Collor e o Henrique), sendo que o primeiro tem, na sua passagem meteórica, a
marca de ter construído o caminho do segundo. E o segundo (ufa, consegui voltar
ao assunto!!!) consolida a ideia de que entre a ditadura e a democracia a
diferença está em retirar a direita e colocar a esquerda na lista dos
funcionários. Assim, num primeiro momento, o ministro intelectual se acerca de
intelectuais, constrói frases com raízes na sociologia para criticar a parte da
esquerda que queria ver enfraquecida e inicia um processo de cooptação que vai
criar os novos comandantes do planejamento, da educação, da gestão de estado do
movimento sindical e assim por diante.
Assim, uma parcela da esquerda, acostumada a fazer
seus discursos por “entre as pregas” também aqui não precisará frequentar os palanques:
vai falar suas verdades como se verdades de estado verdades fossem.
Os exemplos, se aqui eu estivesse com a intenção de
lista-los, nos levariam ao infinito. Ficarei, no entanto, com somente um -
aquele com o qual, de alguma maneira, precisei conviver - : as chamadas
diretrizes curriculares (as quais, dependendo do nível de ensino, denominaram
de parâmetros) e seus desdobramentos, como o novo formato de escolha de livros
didáticos do PNLD.
Procurando uma articulação entre cada um dos passos do
processo, esquematicamente teríamos:
·
a LDB (e a derrota da esquerda militante para o agora funcionário senador
Darcy Ribeiro),
·
os parâmetros curriculares (e o fato de, de dentro das universidades, se
contratarem funcionários que tornariam suas leituras de cultura, escolaridade e
ciência as verdades de Estado que devem ser seguidas pelos intelectuais que habitam
as “asas do avião”),
·
e as escolhas do PNLD, onde leitores privilegiados, igualmente escolhidos
entre os acadêmicos, substituem os professores na escolha dos livros que serão
oferecidos nas escolas, tendo por pressuposto que o profissional que vai
utilizá-lo, mesmo sendo oficialmente formado para o oficio, não possui formação
cultural suficiente para fazer escolhas. Eis que o
carimbo de ter sido escolhido pelo MEC dá ao livro e a seus autores a
legitimidade que antes não possuíam.
É com articulações desse tipo que se percebe o como e
o quando se deu e se dá o movimento de democratização do Brasil. Nada se fez (e
se faz) sem que se desse (e se dê) garantias à direita (para não nos
esquecermos, vale realçar a noção de anistia contra a qual ainda se luta e na
qual igualmente se guardam os mesmos parâmetros) com o acréscimo de que, a
partir da democratização e em nome dela vai se ampliando o espectro de intelectuais
de esquerda que vai colaborar com este movimento geral.
Tudo isso, sem dúvida, merece debates e revisitas, mas
deixemos que essas provocações ainda iniciais façam seu caminho por entre os
gostam do tema e que queiram me alertar para os insustentáveis problemas que
este texto provavelmente possua.
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